sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

OFÍCIO DE VAQUEIRO É PATRIMÔNIO IMATERIAL DA BAHIA

Em sessão plenária realizada no dia 24 de novembro de 2010, o Conselho Estadual de Cultura da Bahia - CEC, aprovou por unanimidade a inserção do Ofício dos Vaqueiros do Estado da Bahia, no “Livro do Registro Especial dos Saberes e Modo de Fazer”. Com isso o Ofício de Vaqueiro - seus saberes e fazeres -, passa a ser reconhecido pelo CEC como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia.
A solicitação de registro estadual do ofício de vaqueiro como Patrimônio Imaterial, foi encaminhada pelo antropólogo Washington Queiroz - membro titular dos Conselho Estadual de Cultura e do Conselho Nacional de Cultura -através de Ofício dirigido ao IPAC, em 03 de maio de 2010 e ontem teve o parecer aprovado pela Câmara de Patrimônio e, seguida, pelo plenário do CEC.
Segundo o conselheiro Washington Queiroz, com a aprovação por parte do CEC o processo está bem encaminhado, mas ainda não concluído. Para gerar as conseqüências positivas para os vaqueiros e todo o acervo cultural por ele produzido, que a condição de ser considerado pelo Estado Patrimônio Imaterial traz, precisa ainda ser encaminhado pelo secretário de cultura Márcio Meireles ao governador Wagner. Só após a assinatura do decreto pelo governador Wagner se tornará Lei.
“Mas isso – comenta Queiroz – deverá ser bem planejado. Trata-se de uma data histórica (após 460 anos de atividades dos vaqueiros e sertanejos na Bahia) e, certamente, deverá haver toda uma programação em torno do Ato. Afinal esse reconhecimento marca, de fato, uma guinada no conceito daquilo que se convencionou chamar e difundir como Bahia. Se inicia uma nova etapa de inclusão, reconhecimento e pertencimento cultural no Estado em toda sua vigorosa riqueza, que deixa de ser apenas Baía (de Todos os Santos) e caminha no sentido de ser a Bahia (de todos os Cantos e Santos). Onde a figura pioneira do vaqueiro e o seu sertão que, diga-se de passagem, constitui a maior parte do nosso território, é reconhecido como espaço significativo e criador de todo um acervo cultural determinante e estruturante para o fortalecimento sócio-cultural da Bahia – sua diversidade, pluralidade e inclusão social. É a assunção por parte do Estado de que a Bahia é, também, sertaneja. E isso significa muito. Enriquece: reconhece outros ritmos, ambiente, arquitetura, culinária, estética, mitologia, crenças, tradições e acervos. Caminha no sentido de oxigenar uma certa Bahia que tende a ser folclorizada e estandartizada como se fosse mono - apenas litoral e recôncavo.
Enfim, em minha opinião, o reconhecimento do Ofício de Vaqueiro com Patrimônio Imaterial, em razão do símbolo que o vaqueiro significa, é determinante para que a Bahia, de forma ampla, inicie o necessário rompimento do apartheid cultural de quase cinco séculos, que historicamente discrimina, exclui e não dá o devido pertencimento ao referenciais do seu diverso acervo cultural. E assim resgate mais este débito que tem implicado em enfraquecimento e extinção de manifestações culturais devido a certo colonialismo reflexo do mar para com o sertão, que desqualifica e teima em não reconhecer todas as ‘Bahias’ como formadoras do Estado da Bahia”.
FONTE: Washington Queiroz
Membro do CEC
Membro do CNPC

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